A Pandemia de COVID 19 nos levou a situação extremamente desagradável. Além das medidas sanitárias impostas pelos países em todo mundo, somos obrigados a conviver com uma campanha de desinformação sem precedentes. Cada grupo político com sua verdade, com sua crença, vale tudo. Principalmente falar mentiras. Dados falaciosos são apresentados na internet, em entrevistas, em todo tipo de veículo. O importante é legitimar a sua crença.
Alguns fatos interessantes que marcam esse período:
- A justificativa muda a cada momento para manter a crença daquele momento, ainda que a justificativa desminta a premissa anterior,
- Os dados são jogados ao vento e não se sustentam em nenhuma busca em órgãos oficiais e não oficiais,
- A ciência é deixada de lado, profissionais que têm condições de ler e interpretar dados não o fazem simplesmente para justificar a sua narrativa que coincide com sua visão política do mundo;
- Nenhum compromisso com o bem estar coletivo;
- O período de pandemia mostrou o quão frágil é a formação médica. Quanto todos nós estamos despreparados para lidar com o que desconhecemos. O pior é deixar de lado a capacidade de questionamento científico para fazer questionamento político de situações técnicas. Nunca vi em 25 anos de formado tamanho aviltamento da profissão médica como nesse período.
Dizem que contra fatos não há argumentos. Mas eles não param de surgir. Precisamos de números:
– Dois erros não fazem um acerto,
– Ontem os números oficiais mostravam 560 mil novos casos de COVID 19 no mundo , em um único dia;
– Até o dia de ontem 84,6 milhões de pessoas foram contaminadas pelo vírus em todo mundo (números oficiais tem muitos mais);
– No mesmo dia 1,84 milhões de mortos pela doença;
– Também até o dia de ontem 59,8 milhões de pessoas recuperadas da doença;
– O risco de morte pela doença é baixo, mas o risco de você morrer por outra doença por falta de vagas com os hospitais cheios de pessoas adoecidas pela Covid é muito maior;
– A maior causa de morte no mundo em 2018 foi a doença isquêmica do coração, vitimando quase 9 milhões de pessoas no mundo;
– A segunda maior foi o AVC, boa parte deles sendo causados por doenças cardiovasculares, vitimando quase 6 milhões de pessoas no mundo em 2018;
– As doenças respiratórias baixas, excluindo câncer de pulmão isolado que foi a sexta maior causa, pneumonia por exemplo, foram a quarta maior causa com quase 2 milhões de vítimas;
– A taxa média de hospitalização por COVID foi de 4,6% nos EUA e aumenta com a idade.
Outros número de interesse para comparação :
– Desde 1982 até 2019 , quase 76 milhões de pessoas foram infectadas pelo HIV;
– Desde 1982 quase 33 milhões de pessoas morreram por alguma doença relacionada a AIDS;
– Em 2019 38 milhões de pessoas convivendo com a AIDS no mundo;
– Quase 700 mil mortos por ano ( eu vi na TV um médico falar que morriam 50 milhões por ano);
– As mortes por AIDS reduziram em 60% desde o seu pico (graças à ciência);
– A tuberculose é a principal causa de morte entre pessoas com AIDS;
– Em 2018 cerca de 10 milhões de pessoas em todo mundo desenvolveram a tuberculose;
– Cerca de 1,7 milhões de pessoas morrem de Tuberculose por ano em todo mundo (tem um médico que falou na TV número de 10 milhões);
– Tanto no HIV quanto na Tuberculose o fator determinante para a sobrevivência é o acesso ao tratamento;
– Mortes pela fome: Esse é um número impossível de saber com tanta diversidade de números em organismos oficiais e não oficiais. Contudo, segundo a ONU, a principal causa da insegurança alimentar em todo o mundo foram as guerras. Cerca de 74 milhões de pessoas, ou seja, dois terços da população que enfrenta a fome aguda, estavam em 21 países ou territórios localizados em zonas de conflito. A pior crise alimentar em 2017 aconteceu, segundo dados do relatório, em quatro países: Nigéria, Somália, Iêmen e Sudão do Sul, todos envolvidos em guerras.
Qual a verdade sobre a PANDEMIA? Ainda não conhecemos. Mas quem tem certeza sobre tudo são aqueles que se enganarão mais. Se engana também aquele que questiona a ciência. A ciência faz os questionamentos. Cada um pode escolher o que faz da sua vida. Assim acontece com as doenças cardiovasculares, você faz suas escolhas e tem que conviver com as consequências. Com a AIDS também, você escolhe ter um comportamento de risco e arca com as consequências. Na COVID não! A escolha é coletiva. Se você escolhe se contaminar e frequenta locais fechados você pode contaminar alguém. A pessoa que vai receber tem que ter a escolha também. Nem todas as decisões tomadas pelos gestores públicos estão totalmente certas e nem todos os questionamentos tabém estão certos. Como disse lá acima dois erros não fazem um acerto.