Sabemos há muito tempo que obesidade aumenta risco de doenças do coração e também problemas músculo-esqueléticos. Mas muitas pessoas ainda não conhecem que o risco de ter câncer também aumenta com a obesidade.
Se liguem no texto da Dra. Diandra Zipinotti, farmacêutica e com mestrado em metabolismo.
Obesidade e câncer. A prevenção está em suas mãos.
O mundo tornou-se um lugar mais gordo para se viver nas últimas décadas. E nós estamos acostumados a falar sobre obesidade como um enorme problema de saúde pública em países como os Estados Unidos, onde os fast foods são um símbolo da sociedade. Entretanto, aqui no Brasil, os índices de excesso de peso e obesidade são crescentes e alarmantes. Dados recém-divulgados pelo Ministério da Saúde revelaram que quase metade da população brasileira está acima do peso. Mas você deve estar se perguntando “e o que isso tem a ver com câncer ?”. Simplesmente TUDO.
Um mundo mais gordo significa uma elevada incidência de doenças crônicas.
O câncer desempenha um papel de liderança entre elas. Uma importante pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo mostrou que o Brasil terá 29 mil casos de câncer relacionados à obesidade em 2025.
Apesar da forte relação entre esses dois males que afetam nossa sociedade, uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica divulgou que uma em cada quatro pessoas desconhecia a relação entre o câncer e sobrepeso. O excesso de peso e obesidade estão particularmente associados com o aumento no risco dos canceres de mama (pós-menopausa), cólon e reto, corpo do útero, vesícula biliar, rim, fígado, mieloma múltiplo, esôfago, ovário, pâncreas, próstata, estômago e tireoide.
Mecanismos por trás do potencial da obesidade em deflagrar diversos tipos de neoplasias:
1- A obesidade provoca desregulação da morte das células cancerosas. O tecido adiposo secreta diversas citocinas (adipocinas) que promovem a progressão de células cancerosas através do aumento da proliferação e migração celular, inflamação e inibição da apoptose (morte celular).
2- A obesidade favorece a mudança da composição ou da função da microbiota intestinal (disbiose). O metabolismo microbiano alterado contribui para a geração de metabólitos tóxicos carcinogênicos, aumento da extração de energia e disponibilidade de nutrientes levando a desregulação metabólica contribuindo para o crescimento tumoral, além da indução de inflamação sub-clínica que pode estimular a tumorigênese.
3- Para um aumento de 10% no peso corporal, ocorre um aumento de 2mg/dl na glicemia e dessa forma maior secreção de insulina. A insulina proporciona uma vantagem seletiva de crescimento para as células malignas.
4- Ácidos graxos e inflamação crônica são responsáveis pela supressão do mecanismo EDAC, que é um mecanismo de defesa epitelial contra o câncer, regulando negativamente a eliminação de células malignas.
5- A obesidade contribui para níveis elevados de hormônios sexuais, principalmente estrogênio que está associado a maior número de casos de câncer de mama.
Enquanto houver o desconhecimento, a obesidade como um fator de risco também provocará mudança na maneira como o câncer se apresenta. Faça sua parte e comece a mudança no seu estilo de vida já.